14/06/2013 07h51 - Atualizado em 14/06/2013 09h46
'Prefeitura não pode se submeter ao jogo de tudo ou nada', diz Haddad
Quarto dia de protesto terminou com 200 pessoas detidas.
Prefeito de SP afirmou que aumento abaixo da inflação exige investimento.
Por:Augusto silva
Fonte:G1
(O G1 acompanhou em tempo real a manifestação. Leia o relato completo.)
No quarto dia de protestos, mais de 200 pessoas foram detidas. Manifestantes e jornalistas ficaram feridos. Um forte sistema policial impediu que o protesto chegasse à Avenida Paulista. Houve confrontos na região da Rua da Consolação.
O prefeito lembrou que na manifestação de terça-feira (11) foram divulgadas cenas de policiais sendo agredidos. “Eu acredito que São Paulo convive muito bem com a democracia pacífica, com manifestações, protestos e contestações, mas não convive bem com a violência. Então quando há violência por parte dos manifestantes, como foi o caso do policial agredido, a população repudiou. Quando há abuso policial, também a população repudia”, disse em entrevista ao Bom Dia Brasil.
“A Prefeitura fez um esforço enorme para que aumento fosse o menor possível”, declarou o prefeito. Haddad afirmou que a nova tarifa dos ônibus, com reajuste abaixo da inflação, exige o deslocamento de investimento de R$ 600 milhões de outras áreas. Caso fosse aplicado o reajuste da inflação acumulada no período pelo IPC/Fipe, o novo
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"Há um longo trajeto para melhorar o transporte. Isso vai se fazer em uma mesa de negociação com diálogo, com esclarecimento, com a verdade dos fatos, e não iludindo a respeito da possibilidade de zerar a tarifa e ninguém pagar mais o ônibus, como se isso fosse possível do dia para a noite, envolvendo R$ 6 bilhões de investimento", declarou."A Prefeitura não pode se submeter ao jogo de tudo ou nada. Ou é do jeito que eles querem ou não tem conversa", disse Haddad. “Nós queremos conversar, mas, quando a gente entra em uma conversa, tem que entrar com o espírito aberto, conhecer o orçamento, conhecer qual as outras áreas vão perder recurso", observou. Haddad afirmou que é dialogar com 11 milhões de pessoas e deixar claro de quais áreas que os investimentos vão sair.
Segundo Haddad, a Prefeitura tem costume de negociar com manifestantes. No primeiro protesto, ocorrido em frente à Prefeitura, a administração municipal estava disposta a receber a comissão de negociação. “Nós tínhamos uma comissão na porta da Prefeitura, esperando a constituição de uma comissão de negociação, que não foi formada, e os manifestantes se recusaram a entrar na Prefeitura para estabelecer diálogo. Acho que a postura deles talvez venha mudando e eles precisam de esclarecimentos.”
O prefeito afirmou ainda que, diferentemente do que é divulgado pelos manifestantes, os cobradores e motorista receberam aumento superior ao que foi repassado para a nova tarifa.
Protesto
A manifestação começou por volta das 17h em frente ao Theatro Municipal, no Centro de São Paulo. Enquanto lojistas fechavam as portas para evitar depredação, a Polícia Militar prendia dezenas para averiguação. Segundo a PM, foram apreendidos coquetéis molotov, facas e maconha. De acordo com a delegada Vitória Lobo Guimarães, at é o início da madrugada, 198 pessoas haviam sido detidas e encaminhadas ao 78º DP, nos Jardins. Todos foram liberados. Quatro vão responder termo circunstanciado; três deles por porte de entorpecentes e um por resistência à prisão. Outras cinco pessoas foram levadas para o 1º DP.
O ato ocupou a Rua Xavier de Toledo, o Viaduto do Chá e seguiu pela Avenida Ipiranga. Ao menos duas pessoas foram presas na esquina das avenidas Ipiranga e São Luís por causa da depredação e pichação de um ônibus.
Os manifestantes, cerca de 5.000 segundo a PM, usavam máscaras e narizes de palhaço. “Não aguentamos mais sermos explorados”, dizia uma das faixas.
A Cavalaria da PM uniu-se ao Choque na Rua Maria Antônia, onde começaram os confrontos. A Universidade Mackenzie, que fica na esquina, fechou as portas.
Segundo o major da PM Lídio, o acordo era para que os manifestantes não subissem em direção à avenida Paulista, o que não foi cumprido. “Se não é para cumprir acordo, aguentem os resultados”, disse.
A polícia avançou com balas de borracha e gás lacrimogêneo sobre os manifestantes, que revidaram jogando pedras e garrafas em direção aos PMs.
O jornal 'Folha de S.Paulo' diz que teve 7 repórteres atingidos no protesto, entre eles Giuliana Vallone e Fábio Braga, que levaram tiros de bala de borracha no rosto. Um cinegrafista foi atingido com spray de pimenta no rosto por um policial.
Policial prende homem em local próximo da
concentração da manifestação em SP
(Foto: Gabriela Biló/Futura Press)
Um jornalista da revista 'Carta Capital' e um fotógrafo do portal 'Terra' foram levados para o 78º DP, nos Jardins, na Zona Sul da cidade, mas foram liberados por volta das 19h30. Outros detidos relataram ao G1 terem sido levados à delegacia por portarem vinagre e spray.concentração da manifestação em SP
(Foto: Gabriela Biló/Futura Press)
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, reafirmou no início da noite que não pretende rever o reajuste nas passagens dos transportes. "O valor será mantido porque está muito abaixo da inflação acumulada", afirmou. A tarifa de ônibus, metrô e trens de São Paulo subiu de R$ 3,00 para R$ 3,20 no começo do mês.
"A Polícia Militar atuou dentro dos preceitos constitucionais para garantir o direito de livre manifestação, contudo é seu dever assegurar os direitos de toda a população, incluindo-se o direito de ir e vir. É totalmente descabida qualquer declaração de que a PM tenha agido com o intuito de insuflar a violência", informou a corporação em nota.
O secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que determinou a apuração de possíveis abusos por parte da Polícia Militar durante a repressão aos manifestantes.
A Anistia Internacional mostrou “preocupação com o aumento da violência na repressão aos protestos contra o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro e em São Paulo”. “Também é preocupante o discurso das autoridades sinalizando uma radicalização da repressão e a prisão de jornalistas e manifestantes, em alguns casos enquadrados no crime de formação de quadrilha”, disse em nota.
Manifestantes e Cavalaria na Rua da Consolação. (Foto: Glauco Araújo/G1)
Manifestantes fogem das bombas da Rua Augusta. (Foto: Flavio Moraes/G1)
Manifestantes ateiam fogo em lixo pelas ruas durante confronto com a polícia. (Foto: Filipe Araújo/Estadão Conteúdo)
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