Os dois jovens que gravaram um vídeo em que dançam o hit "Robocop Gay", da banda Mamonas Assassinas, para o deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP) durante voo que ia de Brasília para São Paulo na sexta-feira (9), disseram ser "heterossexuais e pais de família" e que o protesto "não foi de ativistas gays", ao contrário do que o parlamentar divulgou em seu Twitter.
Na ocasião, Feliciano afirmou que, quando o avião decolou, cerca de 10 gays o deixaram constrangido e outros dois foram até a poltrona onde ele estava "gritando e cantando uma música bizarra". "Não sou contra gays, sou defensor da família natural!", afirmou o pastor, em outro tuíte.
Em entrevista, os produtores de vídeo Eric Corazza e Conrado Ribeiro, ambos de 26 anos, disseram que não podiam deixar passar a oportunidade de protestar contra o deputado. "Há vários motivos, já há algum tempo, que motivaram esse protesto, não só a causa gay". As declarações de Feliciano são uma violência "para a sociedade em geral, não só para uma minoria", disse Ribeiro, para quem aquela foi uma oportunidade de "serem ouvidos".
"Logo que vimos Feliciano no saguão de embarque pensamos em cantar Mamonas Assassinas por causa das declarações homofóbicas dele por ter dito que a morte dos integrantes da banda foi um castigo de Deus", afirmou Corazza.
"Eu não sou gay, nunca fui ativista gay", disse Ribeiro, que disse ser casado e "normal, na visão de Feliciano". "Eu tenho amigos e familiares gays e, se um dia meu filho me disser que a opção sexual dele é essa, eu não quero que ele sofra", afirma.
"Sou hétero, tenho muitos amigos gays e acredito que cada um tem o direito de gostar de quem quiser", afirma Corazza, que também tem uma filha pequena.
Na gravação, os amigos cantam e dançam no corredor do avião, ao lado do pastor Roberto Marinho, que acompanhava Feliciano no voo. Eles chegam a cantar: "Abra sua mente, gay também é gente". O final traz ainda uma entrevista com uma psicóloga que conheceram no voo, que fala sobre o projeto da "cura gay", de autoria do deputado pastor João Campos (PSDB-GO), e aprovada pela CDH (Comissão de Direitos Humanos), presidida por Feliciano. Em 2 de julho deste ano, a proposta foi arquivada.
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A atitude foi apoiada por gays que estavam presentes no voo, mas que, não quiseram se levantar, segundo Corazza. "Ele [Feliciano] acha que só homossexuais discordam dele e, ao culpar o movimento gay, ele mostrou o quanto discrimina qualquer pessoa que não o apoia."
"Eu protestei como um cidadão que tem vergonha de ter um deputado como ele", disse Ribeiro.
O pastor Roberto Marinho, disse, em sua conta no Twitter, que as autoridades foram acionadas quando o avião pousou e os jovens só não foram presos porque o deputado não quis prestar queixa. Os amigos disseram não ter sido procurados por nenhum agente da Polícia Federal no desembarque.
Giro da Noticia 190
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