
Jaguaribara Durante toda a manhã de ontem, este município foi uma das cidades a participar da X Semana Nacional do Peixe. Na programação houve oficinas e um almoço com pratos típicos à base de tilápia, o principal pescado comercializado na região. Piscicultores do Açude Castanhão comemoram o aumento das vendas este ano.
A criação de tilápia feita no Açude Castanhão responde por 50% de toda a produção do tipo de pescado no Estado. Os piscicultores atuam em apenas 40% do parque aquícola do local fotos: Ellen freitas
Hoje, o Parque Aquícola do Castanhão representa quase 50% da produção de tilápia do Estado, onde os piscicultores ocupam apenas 40% de todo o potencial do parque.
Durante a manhã, os participantes puderam aprender a fazer diversos produtos a partir do couro da tilápia. A oficina foi ministrada pela artesã e Presidente da Associação dos Produtores e Processadores de Peixe de Jaguaribara e Lages (Aplages), Conceição Viana, que há sete anos realiza o trabalho.
"Esse trabalho veio a partir do Senar aqui em Jaguaribara, onde todos os artesãos foram convidados. Da nossa associação, que tem 35 pessoas, quatro trabalham diretamente com o curtimento e artesanato do couro da tilápia", explica.
Da matéria prima é possível confeccionar cintos, carteiras, bolsas, porta documentos, entre outros objetivos. As peças são comercializadas na unidade da Associação, na própria cidade, e em feiras de artesanato. Recentemente, as peles estiveram expostas nos estados de Belo Horizonte, Rio Grande do Norte e também Rio de Janeiro.
"Ninguém imaginou que pudéssemos fazer esse trabalho com couro da tilápia, que servia apenas para alimentação e até hoje ainda dá trabalho de convencer as pessoas que aquilo é de couro de tilápia", conta Conceição. Durante a tarde também houve oficina de culinária, onde foram feitos vários pratos à base do pescado.
Para os piscicultores, o momento é de crescimento nas vendas do peixe. O grande desafio para a categoria é a certificação do produto para que eles possam ser comercializados em redes de supermercados e restaurantes da capital. Um dos pioneiros da piscicultura em Jaguaribara, Emído Chaves Oliveira, conta que a burocracia dificulta a venda do peixe. "Hoje nós só não vendemos mais porque não temos o selo de inspeção estadual, que dá garantias para que o nosso produto seja comercializado livremente", lamenta.
Supermercados
Ele conta que hoje, da forma como o peixe é comercializado, não se encontra dentro da legalidade. A tilápia é vendida principalmente para feiras livres e para atravessadores, que vêm até o Castanhão comprar o peixe para revenda até fora do Ceará. "Melhoraria muita coisa se pudéssemos vender nosso produto direto para redes de supermercados, mas é exigido a certificação do produto", reclama.
Além da dificuldade na hora da venda, principalmente para outros Estados, há o preço da ração, que tem sido salgado ao bolso do piscicultor. "Recentemente, houve um aumento de 18% e isso, infelizmente, não reflete no preço final, porque, por conta da pesca clandestina, o preço fica muito baixo para o mercado", ressalta Oliveira.
No Castanhão, atuam oito associações, duas cooperativas e 12 empresas. A Secretária de Pesca realiza um levantamento sobre a atividade pesqueira, para coibir junto aos órgãos federais e estaduais, a pesca ilegal, que tem sido um grande problema.
Nenhum comentário: