Fila de 11 navios aguarda para atracar no Porto do Pecém

Com a expansão do comércio exterior, o Porto do Pecém precisa se ajustar com urgência 
Atraso de quase dois anos no início das obras de expansão do terminal de múltiplo uso (Tmut) do Porto do Pecém já reflete negativamente no fluxo de cargas, gerando prejuízos à Cearáportos, aos armadores e às empresas importadoras de vários segmentos. Sem berços suficientes para atracação de navios, com retroárea limitada para transbordo e poucos armazéns disponíveis, 11 embarcações aguardam ao largo, em alto mar, algumas desde janeiro último , a liberação de um píer para acostar e descarregar.
Além dos problemas de falta de infraestrutura do Porto, acrescenta o advogado que atua na área do Direito Marítimo e Aduaneiro, Eugênio Aquino, equipamentos (guindastes e descarregadores) antigos, sem velocidade de descarga, estariam atrasando, ainda mais, o fluxo de retirada das cargas dos navios para o terminal. "Há empresas com prejuízos de até US$ 12 mil, por dia (cerca de R$ 26.600,00)", denuncia Aquino, segundo quem há navios fundeados desde janeiro, na costa do Pecém.
Faltam berços
Eugênio Aquino disse que vem recebendo, em seu escritório, reclamação de vários importadores que estariam sem poder retirar as cargas ou com elas atrasadas, por problemas no descarregamento dos navios. Ele reconhece que há investimentos dos governos estadual e federal na construção de novos píeres, na expansão do terminal, mas diz que "não adianta resolver os problemas de acostagem, se não resolverem a retroárea".
"Existe um delay (atraso) entre a velocidade de retirada das cargas dos navios e de transferência do porto para os locais de armazenagem das empresas", confirmou, o diretor de Infraestrutura e Desempenho Operacional da Cearáportos, empresa que administra o Porto do Pecém, Valdir Frota Sampaio. Segundo ele, dos 11 navios à espera de píer para atracação, quatro trazem equipamentos para a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e dois destes estão à espera desde janeiro último, há três meses. Conforme confirmou, no total, são dois navios de gás natural, dois de combustíveis, dois de produtos siderúrgicos (aço e ferro), um de contêineres e quatro embarcações com peças para a CSP, que estão há vários dias à espera de um espaço para atracar. Para tanto, explica, o porto conta com apenas seis berços de atracação. "Hoje temos cinco navios atracados e mais dez à espera", revela.
Além da falta de berços suficientes, explica Valdir Sampaio, a área de armazenagem é pequena para suportar o aumento na movimentação de cargas, que teria saltado de 1,09 milhão de toneladas, no primeiro trimestre de 2013, para 1,86 milhão de toneladas, no acumulado dos três primeiros meses deste ano, anotando crescimento de 71%, em 2014.
Retroárea
Conforme disse, o pátio de cargas do Porto do Pecém soma 380 mil metros quadrados (m²), incluindo arruamentos e edificações, sobrando apenas 250 mil m² para cargas. E dessa área, complementa, "mais de um terço, ou 100 mil m², estão ocupados apenas com material e peças das CSP". "Em geral, são peças muito grandes, volumosas e que ocupam muito espaço", justifica Sampaio.
Estocagem
"A CSP é um empreendimento de interesse do Estado, mas o terminal não pode operar para atender a apenas um cliente", reconhece o diretor da Cearáportos. "Enquanto a CSP não resolver a estocagem de sua carga, o problema vai continuar", frisa.
"O porto opera 24 horas, sete dias por semana, mas a CSP, só trabalha das 8 da manhã às 18 horas, de segunda à sexta-feira. São mais de 2.000 contêineres para retirar", enfatiza, Sampaio.
Ele ressalta ainda que a responsabilidade de retirada e movimentação das cargas no porto é das empresas.
Maquinário velho atrasa a retirada  das cargas
A Cearáportos reconhece também que há problemas nos equipamentos e máquinas (guindastes, empilhadeiras e caminhões) que operam na retirada das cargas e contêineres dos navios, para os pátios de descarga do Porto do Pecém. Dos cinco guindastes existentes, conta, dois estão em manutenção, além de que todos estão velhos, com mais de dez anos em operação e com baixa produtividade.
Conforme explica, os guindastes atuais realizam de 15 a 20 movimentos por hora, enquanto os modernos já fazem de 30 a 40 operações de descarga, nesse mesmo tempo. Diante dos problemas, Valdir Sampaio diz que a situação das filas de navios no Pecém só deverão ser minimizadas em outubro próximo, quando deve ficar pronto um novo pier, dos três em construção, e quando devem chegar dois novos super guindastes da empresa APN Terminal. "Normalizar, normalizar mesmo, só no segundo semestre", almeja.
CSP segue legislação
Consultada, a direção da CSP respondeu que "está seguindo rigorosamente os procedimentos exigidos pela legislação brasileira e, diante da necessidade de promover melhorias nos processos de movimentação de cargas, a empresa instituiu um comitê interno que reúne representantes da Posco Engenharia , empresa responsável pela construção da usina, da Receita Federal, da Cearáportos, da ZPE e de empresas de logística".
Conforme informou, "a movimentação de cargas no Porto do Pecém para a construção da CSP teve início em maio de 2012, somando um total de 678.470 m³ de cargas soltas (equipamentos de grande porte) e 4.757 contêineres (maquinários, parafusos para fixação/ancoragem, entre outros) recebidos. Até o próximo mês, está previsto para chegar ao Porto do Pecém mais 113.025 m³ de cargas soltas e 761 contêineres. (CE)
Giro da Noticia 190

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