JAGUARIBE-APODI Produtores querem entrega da 2ª etapa do perímetro

Limoeiro do Norte. A segunda etapa do Perímetro Irrigado Jaguaribe-Apodi, localizado neste município, ainda aguarda a liberação da presidente Dilma Rousseff por meio de um novo decreto. Foi o que informou ontem o diretor de Desenvolvimento Tecnológico do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Laucimar Gomes Loyola. Ele explicou que, mesmo a área estando apta para o início da produção, ainda não está em posse do Departamento, impedindo o início das licitações.

Algumas áreas do perímetro irrigado já produzem forragem para o gado. FOTO: ELLEN FREITAS

O problema da regularização do setor produtivo no perímetro já vem durando 15 anos. Diante do quadro de seca que a região Nordeste enfrenta, já em seu terceiro ano consecutivo, a área ociosa vem despertando o interesse do Governo do Estado para a produção de alimento para o rebanho.

De acordo com o titular da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Nelson Martins, a ideia do governo estadual é que o Dnocs possa ceder lotes ao Estado, onde deverá ser trabalhada, em parceria com os irrigantes, a produção de forragem. Segundo levantamentos feitos pela SDA junto ao Dnocs, o Jaguaribe Apodi possui uma área disponível de 584 hectares.

"Toda essa produção seria direcionada para os criadores do Estado do Ceará, sejam pequenos ou grandes, vendido a um preço máximo para ela", afirma Nelson.

Porém, segundo o secretário, o problema está no excesso de burocracia. "É inaceitável termos perímetros irrigados do Dnocs, que foram construídos com recurso público, que foram arrematados em licitações e estão lá ociosos, sem ninguém utilizar, ainda mais em um ano de estiagem como este", lamenta.

Para o presidente da Federação das Associações do Perímetro Irrigado Jaguaribe-Apodi (Fapija), Raimundo César dos Santos, conhecido com Alemão, as áreas ociosas estão gerando um aumento de despesas para os irrigantes.

"As áreas estão prontas, tem água correndo, energia, mas não funciona e nós pagamos por essa infraestrutura. Nós temos pressa de que essas áreas possam ser liberadas pelo governo federal para que possam ser exploradas, seja com qual cultura for. Já estamos pagando essa conta durante 15 anos", desabafa o produtor.

Ainda segundo Nelson, o governo estadual enviou no mês de abril um ofício ao Ministério da Integração Nacional, pedindo, além da área disponível do Jaguaribe-Apodi, os equipamentos para irrigação, como os pivôs centrais. Porém, até o momento, não obtiveram nem uma resposta. Para o secretário, o problema é o excesso de burocracia e que poderia ser resolvido por meio de uma medida provisória, levando em conta o quadro emergencial que se encontra a região Nordeste diante da seca.

Em encontro do Comitê Técnico realizado ontem, responsável por preparar a pauta da reunião do Conselho Deliberativo da Sudene - prevista para amanhã, envolvendo os governadores do Nordeste, diretores da Sudene e o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra - Nelson Martins propôs aos participantes que fosse colocada em pauta a situação das áreas ociosas nos perímetros irrigados, situação que ele ressalta não ocorrer somente no Ceará. A solicitação será encaminhada ao Ministério para análise.

Conforme reafirmou o diretor de Desenvolvimento Tecnológico do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, Laucimar Gomes Loyola, a liberação de cerca de 2.500 hectares de área no Jaguaribe-Apodi, que possuem estrutura de água, energia e estradas para iniciar a produção, ainda aguarda somente o decreto federal, junto a Casa Civil. "Apesar dessa área estar pronta, ainda não pertence oficialmente ao Dnocs. Estamos aguardando a presidente Dilma baixar um novo decreto, para que, a partir de então, o Dnocs tenha autonomia de licitar as áreas para quem deseja produzir", explica Loyola.

Com relação ao interesse que a SDA tem de utilizar pouco mais de 500ha para instalação de pivôs centrais, na produção de forragem, Laucimar afirma que a solicitação encontra-se junto à Procuradoria do Departamento para análise.

Novas áreas
O diretor afirmou que o Ceará possui 39 mil hectares de área irrigada do Dnocs e que ainda este ano vai entregar mais 10 mil hectares."Estamos aguardando o governo federal para liberação dessas áreas que serão nos perímetros Tabuleiro de Russas, Baixo Acaraú e Araras Norte", informou. Isso significa um aumento de 25% de área irrigada em todo o Estado. A previsão é que, em setembro, saiam os primeiros editais. Mesmo sendo pouca a chuva registrada nos meses de maio a julho deste ano, o resultado foi uma diminuição da compra de silagem e forrarem para alimentação animal.

O presidente da Fapija, Raimundo César, ressaltou que houve uma grande queda na venda do produto para os criadores. "Nesse mesmo período do ano passado costumavam sair do perímetro cerca de 100 caminhões carregados por dia, hoje saem na faixa de 10", lamenta.

Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Flavio Saboya, essa queda temporária na procura de forragem não vai durar até os últimos meses do ano, quando a chuva costuma ficar mais escassa. "Dois meses de chuva não dão sustentabilidade de uma safra anual, apenas empurrou o problema mais pra gente", afirma.

Mais informações

Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Estado
Telefone: (85) 31018105
Dnocs - Fortaleza
(85) 3223.2552
Giro da Noticia 190

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